terça-feira, 19 de maio de 2009

Dúvida sobre a neopedagogia da acentuação...

PERGUNTA:

QUAL A VANTAGEM DE APRENDER ACENTUAR DE OUTRA FORMA?
(Mariana)



RESPOSTA

Mariana,

São muitas as vantagens de buscar o domínio da Acentuação Gráfica pela Neopedagogia. Eis algumas:

1. Obriga-nos saber onde se localiza a tonicidade natural das palavras sem acento gráfico. Este conteúdo é importante e a gramática tradicional falha em não propiciar este ensino;

2. Viabiliza ensinar acentuação gráfica oficial com apenas uma macronorma, levando o aluno a saber o porquê do sinal diacrítico;

3. Exercita a inteligência do estudioso crítico, pois enfatiza teleologia e a etiologia de cada acento gráfico, isto é, dá o para quê e o porquê do acento;

4. O esquema tradicional é fruto de uma ditadura gramatical (“É assim porque a gramática diz”). O esquema da neopedagogia é democrático (“Deve ser assim porque, sem acento gráfico, ficaria ...);

5. O sistema ortográfico neopedagógico, no que concerne à tonicidade, possibilita ler com correção o que está escrito, e escrever claramente o que se ouviu;

6. Para atender o exposto acima, o sistema tradicional exige o domínio de muitos pré-requisitos, o que torna oneroso o seu ensino, pois adota superposições de conteúdos. É feito para decorar. O caminho da Neopedagogia é direto: destaca o objetivo deslocador ou diferenciador do acento gráfico. Vejamos algumas das complicações de sistema tradicional que pressupõe:

a) domínio da divisão silábica, para

b) classificar as palavras em oxítona, paroxítona e proparoxítona

c) diferenciar vogal da semivogal

d) reconhecimento dos tipos de encontros vocálicos: hiato, ditongo e tritongo

e) memorizar a lista das terminações das oxítonas que devem ser marcadas

f) memorizar a lista das terminações das paroxítonas que devem ser marcadas

g) reter que todas as proparoxítonas devem ser acentuadas

h) reter que as proparoxítonas relativas ou aparentes devem ser acentuadas

i) perceber se há hiatização ou não

j) não destaca a razão da regra (por ex.: Por que acentuar “câmara”?)

k) esquecimento e confusão inevitáveis:

l) as terminações das oxítonas acentuadas e

m) as terminações das paroxítonas acentuadas (lista quilométrica)

geram esquecimento e confusão por serem duas. Na neopedagogia, retém-se uma lista (a das terminações fracas A, E, O, AM, EM, ENS) e, por exclusão, ficam identificadas as terminações fortes (as demais terminações).

7. A verdade é que 99,8% dos acentos gráficos oficiais podem ser explicados por meio da regra única que pode ser resumida assim: “O acento gráfico anula a tonicidade natural da palavra e tonifica outra vogal”. Eis tudo. Uma objetividade cristalina. Trata-se de regra deslocadora de tonicidade.

8. Os 0,2% dos casos que não se contemplam pela regra única têm o acento gráfico diferenciador. Ele diferencia os monossílabos monovocálicos e outras poucas palavras homógrafas por razões fonéticas, morfológicas ou sintáticas.

9. O acento gráfico diferenciador de timbre, aos poucos, está desaparecendo com a sequência das reformas ortográficas.

10. A neopedagogia da acentuação gráfica foi colocada à disposição dos estudiosos em geral, via Internet, para o salutar DEBATE NACIONAL. (Ver o esquema completo postado).


NOTA: Não estamos aconselhando que se abandone o estudo dos encontros vocálicos e a própria distinção entre vogal e semivogal, classificação das palavras em oxítona, paroxítona e proparoxítona ... Esse ensino pode continuar existindo, mas para dominar a acentuação gráfica, não há necessidade de exigir o domínio desses pré-requisitos, nem para a leitura ou escrita corretas. Medite sobre isso!

18 comentários:

Anônimo disse...

Professor, como se explica a acentuação da palavra "açaí" pelo novo método?

Prof. Francisco Dequi disse...

Amigo,



O “i” final é das terminações fortes, mas se não tiver apoio de uma consoante no lado direito e tiver uma vogal anterior encostada, a tonicidade natural flui para a vogal dois. Compare: sai / saí.

Açaí leva acento gráfico para trazer a tonicidade para a vogal 1. Sem acento a tonicidade escapa para a vogal 2.

Açaí, sem acento, teria pronúncia “açai”.

Gilson disse...

Obrigado por tirar a dúvida com relação a palavra "açaí", mas há outra dúvida que me atormenta: Qual regra se aplica às palavras "Hífens", "através" e "porém"?

Gilson disse...

Professor,

Dentre as terminações consideradas fracas, de acordo com o seu método, estão: "a", "e" e "o". A minha dúvida é se o plural dessas terminações também são incluídos. Se estão incluídos, por que então não são postos?

Ah! A palavra "preliminares" segue acentuação natural mesmo?

Prof. Francisco Dequi disse...

Prezado Gilson,



A palavra “hifens” não é acentuada. Ela pertence ao Roteiro 1, o das terminações fracas (a, e, o, am, em, ens), que provocam tonicidade natural na vogal 2 – “hifens”. Nas palavras que têm a vogal tônica nas terminações do Roteiro 1, acrescenta-se acento gráfico, já que a tonicidade natural foi desviada de outra vogal. As palavras “através” e “porém” são exemplos disso, pois, se não recebessem acento, teriam como pronúncia “atraves” e “porem”. Veja: As traves da goleira. Outro exemplo: item /itens, ambas sem acento.

No que diz respeito à letra “s”, no caso do plural com as vogais “a”, “e” e “o”, na PARTE 02 - A Regra Única sobre Acentuação, no blog, você observará que explicamos que essa consoante nada apoia e nada influi. Nas obras do CES também explicamos isso.

Sobre a palavra “preliminares”, note que ela pertence ao Roteiro 1, das terminações fracas (terminada em vogal “e”, pluralizada por “s”, que nada apoia e nada influi) e que, portanto, a tonicidade fica naturalmente na vogal 2. Assim, temos a pronúncia “preliminares”. Pode ocorrer de você ter ouvido “pré-liminares”, que ocorre na pronúncia em algumas regiões do Brasil.

Gilson disse...

Professor,
Quer dizer então que a palavra "através" faz parte do grupo de palavras de terminações fracas e não fortes?
No caso do "s" da palavra "através", ele não representa marca de plural. Porque então ela faz parte do grupo 1? Não seria o grupo das fortes? Confesso que ainda não entendi.
Desculpa a insistência, mas estou escrevendo um artigo a respeito do seu método em minha faculdade "UEA"(Universidade do Estado do Amazonas).

ah! mais uma dúvida: com relação às palavras "Manaus" e "Amazonas", qual regra de acentuação se aplica? Vale lembrar que o "s" não é marca de plural.

Desde já agradeço.

Até breve!

Gilson disse...

Professor,
Quer dizer então que a palavra "através" faz parte do grupo de palavras de terminações fracas e não fortes?
No caso do "s" da palavra "através", ele não representa marca de plural. Porque então ela faz parte do grupo 1? Não seria o grupo das fortes? Confesso que ainda não entendi.
Desculpa a insistência, mas estou escrevendo um artigo a respeito do seu método em minha faculdade "UEA"(Universidade do Estado do Amazonas).

ah! mais uma dúvida: com relação às palavras "Manaus" e "Amazonas", qual regra de acentuação se aplica? Vale lembrar que o "s" não é marca de plural.

Desde já agradeço.

Até breve!

Prof. Francisco Dequi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Prof. Francisco Dequi disse...

Gilson

Qualquer S, na acentuação objetiva, não apoia, não tonifica... Não é só o “S” pluralizador. Na explicação do outro dia, falamos nesse grafema pluralizador apenas para dizer que ele nada alteraria as terminações fracas. Assim, nas palavras sem acento gráfico, as terminações FRACAS a, e, o, am, em, ens, com o acréscimo do S, nada se alteraria. Atenção: o ens é um conjunto fechado. O S já está nessa terminação fraca.

Mas, vamos ver seus exemplos: Em através, sem acento gráfico, ficaria atraves como em “Estas traves estão tortas.” Portanto, A, E, O, com ou sem S, pertencem ao rol das terminações fracas, se não tiverem sinal diacrítico.

A palavra Manaus possui tonicidade na vogal 2. Como ela está sem acento gráfico e tem terminação do rol das fortes, cai num “porém”, pois esse U tem vogal encostada o precedendo, sem um apoio no lado direito (apenas S que em matéria de tonicidade nada influi), a tonicidade está naturalmente no A 2. Tanto para aquele que sabe sua pronúncia como para o que não sabe. Lembre-se: a tonicidade flui da direita para a esquerda.

A palavra Amazonas vem exemplificar claramente o presente caso. Sem acento gráfico, a tonicidade fica naturalmente na vogal 2, com ou sem S. Não importa se esse S é pluralizador ou não.

Veja o raciocínio a ser feito sobre a palavra Fausto, ou Faustos bem como sobre a palavra Raul. Em Fausto ou Faustos, o S em nada interfere: o O 1 ou OS 1 constituem terminações fracas. A tonicidade teria que se fixar na vogal 2 – o U. Mas está sem apoio de consoante ou de nasalização, o S nada apoia. A tonicidade natural flui para a vogal 3. Já em Raul, esse UL não deixa a tonicidade fugir para a vogal anterior encostada, por esse L, consoante sua a segura.

Gilson, a Acentuação Objetiva da Neopedagogia é de uma lógica visível. Veja ainda: falas (do verbo falar) e falaz (sinônimo de falso), ambas sem acento gráfico. Uma palavra possui terminação fraca e a outra forte. É simples e é bom dominá-la bem.

Abraços.

Gilson Allefy disse...

Professor, estou enviando o resumo do meu Artigo Científico sobre a Neopedagogia da Gramática (obs: ainda não está totalmente pronto, pois faltam alguns ajustes)...

Se possível, comente a respeito.
Desde já agradeço.

RESUMO

O presente artigo se enquadra na linha temática Sociolingüística e ensino da Língua Portuguesa. Desse modo, esta pesquisa submete o método de ensino-aprendizagem da Neopedagogia da Acentuação Gráfica a uma comparação com o Ensino Tradicional, partindo da estatística concernente ao índice de erros ortográficos, relativos à escrita dos estudantes amazonenses, na qual a acentuação gráfica sobressai-se como o segundo erro mais recorrente. Nessa perspectiva, a finalidade desse estudo é fomentar a discussão a cerca da eficácia de ambas as metodologias na prática escolar. Sistematicamente, as abordagens de ensino foram aplicadas em duas turmas de segundo ano do Ensino Médio, da Escola Estadual Francisco das Chagas Albuquerque, onde realizamos o projeto PIBID, situada na capital do Estado do Amazonas. O processo de aplicação dos métodos se dividiu em três momentos principais: a sondagem do conteúdo nos dois grupos de alunos, a realização das aulas expositivas – sujeitando as turmas a abordagens de ensino distintas – e a prática efetivada pelos estudantes em textos e exercícios, conforme a aula condizente a sua classe. Todo processo aplicativo estruturou-se ora embasado nos roteiros e definições propostos pela Neopedagogia, ora nas normas e classificações impostas pelo ensino tradicional, tendo adotado o livro didático Português e Linguagens (CEREJA e MAGALHÃES, 2003) como ferramenta de auxílio. No tocante ao processo discursivo da pesquisa, os direcionamentos estão, sobretudo, fundamentados por (DEQUI, 2010), o qual justifica a acentuação gráfica por uma única macronorma: O acento gráfico anula o acento natural e acentua outra vogal (tonicidade deslocada), tornando forte a que seria naturalmente fraca. A análise comparativa verifica os dados quantitativos e qualitativos colhidos no decorrer e ao fim do processo prático. Após a verificação, os resultados foram sujeitos à comparação e apontaram a Neopedagogia da Acentuação Gráfica como o método mais objetivo e eficiente, uma vez que o Ensino Tradicional mostrou-se complexo e apresentou resultados inferiores.

Prof. Francisco Dequi disse...

Gilson Allefy

Parabéns, colega Gilson. Parece-me que você entendeu bem a acentuação objetiva da Neopedagogia da Gramática. O resumo mostra essa compreensão. Nós temos muitas demonstrações sobre essa matéria. Não sabemos quais chegaram até você, para ajudá-lo nas suas pesquisas.

Sobre o possível comentário meu a respeito de seu trabalho, será melhor se eu tiver oportunidade de lê-lo todo. Quem sabe, depois de pronto e já aprovado na sua instituição, eu possa ter uma cópia dele, mesmo que seja via Internet. Então terei a satisfação de opinar com mais base.

Pelo que vi no seu resumo, você teve o objetivo de verificar a eficiência no levar o alunado a dominar a acentuação gráfica. As suas pesquisas lhe deram uma amostra científica e positiva em favor da neopedagogia. Isso foi ótimo.

Mas há, nessa Acentuação Objetiva, outras vantagens que podem ser deparadas por qualquer pesquisador atento, tais como:
a) mostra a localização segura da vogal tônica de qualquer palavra sem acento gráfico, quer seja ela conhecida ou desconhecida;

b) o projeto propicia o porquê da necessidade ou desnecessidade do acento gráfico;

c) estriba-se na dedução a partir de um princípio básico e evita “decorebas”;

d) desenvolve a inteligência, dizem alguns entusiastas;

e) quando um estrangeiro estuda Português, a tonicidade dominada pela Acentuação Objetiva ajuda muito. O forasteiro julga o sistema tradicional muito complexo.

Era isso, Sr. Gilson

Boa sorte no seu trabalho. Continuamos à sua disposição.

Prof. Dequi

Anônimo disse...

Querido Professor, esses vídeos são excelentes e têm me ajudado muito no estudo do Português! Este novo método de estudo é realmente incrível.
Tenho uma dúvida, porém, com as palavras "xiita" ou "paracuuba", onde a acentuação é na vogal 2, porém de acordo com o Novo Acordo Ortográfico elas não recebem sinal gráfico. Como ficaria a explicação de acordo com a Neopedagogia? Muito obrigada!

Prof. Francisco Dequi disse...

Olá, Anônimo!
Agradecemos o elogio e o contato. Repassamos a sua mensagem ao professor Dequi.

Equipe CES

Prof. Francisco Dequi disse...

Anônimo



Sobre a inexistência do acento gráfico em “xiita” e em “paracuuba” no VOLP, temos a dizer que se trata de uma falha do próprio Novo Acordo Ortogoráfico, pois, tanto pelas regras oficiais de acentuação gráfica, como pela Acentuação Objetiva, essas palavras deveriam ter diacrítico. Há ali hiatização como em “saúda” e em “saída”. Pela Acentuação Objetiva, a tonicidade deslocada deveria ser marcada pelo acento gráfico. Assim o Novo Acordo transgride a lógica posta pela Neopedagogia e, o que mais lamentável, desobedece às suas próprias normas oficiais. Que fazer??? Eis a questão.

A solução é escrever errado mesmo (xiita e paracuuba), pois é um erro oficializado.

Prof. Dequi

Anônimo disse...

caro professor,
Eu estudei as regras de acentuação da Neopedagogia e encontrei uma palavra que me deixou dúvidas...
Trata-se da palavra "fratria".
De acordo com a regra, a vogal tômica seria o 'i' (vogal 2), mas eu já presenciei muita gente pronunciar essa palavra utilizando a vogal 3 como tônica. E essa palavra não possui acento.
Eu gostaria de saber se isso é um erro de pronúncia, ou se é uma exceção da regra.
Desde já agradeço!!

Prof. Francisco Dequi disse...

A pronúncia oficial da palavra “fratria” é com tonicidade na vogal 2, no “i”, sem acento gráfico. Os três roteiros para localização da vogal tônica das palavras sem acento gráfico, publicados pela Neopedagogia da gramática, não têm exceções. Isso é maravilhoso.

O que se nota, no dia a dia, são pronúncias equivocadas como em “nobel, ruim, rubrica”. Mas, os dicionários e as gramáticas mostram a pronúncia correta seguindo os três roteiros.

Parabéns por estar estudando pela Neopedagogia. Ela possui lógica e objetividade que esclarecem muito.

Anônimo disse...

A palavra açaí perdeu o acento com o novo acordo ortográfico?

Prof. Francisco Dequi disse...

A palavra mantém o acento!